1 – Hoje há noite há escrita surrealista e uma novidade qualquer no Pinguim que eu também não faço ideia qual seja. A descobrir...
2 – Amanhã regresso às noites de poesia.
3 – Como amanhã regressa a poesia e ainda sobre o post anterior, aqui fica o poema que o Joaquim Castro Caldas escreveu sobre o 25 de Abril.
“eu tinha 18 anos, de vermelho cravadas as mãos, trepava paredes com ouvidos,
de avesso os bolsos e os olhos de alegria molhados, as botas a roçar no cascalho das guitarras e patas de cavalos, mas inimigos ou irmãos, temos todos 18 anos quando fazemos revoluções
os canhões passeavam-se pelas cidades e pelos campos, disparavam crianças e canções,
bandeiras as mais bordadas colchas de linho à janela das fomes, das febres e dos medos,
velhos de medalhas das guerras por onde passaram sem saber as razões e a contar em copos os tostões
fomos todos soldadinhos de chumbo e marechais de mármore, de liberdade em punho,
estrada abaixo rua acima, de mártires a heróis, da sé catedral ao rio transbordado,
cordão humano de pranto feito cantado, ainda sem partido aos bocados o coração,
o grande coração colectivo de mãos desatado como um rosário de sonhos, a ser corda para o barco às águas puxado pela força de um coro todo ao mesmo tempo marinheiro
mas com os anos e já lá vão 34 fomos vendo, tresmalhadas as gaivotas perderam as mensagens e o voo, os democratas, coitados, falam para o tecto e o boneco, ninguém os ouve no deserto, a cabeça ainda gira em volta do mesmo, o senhor doutor, antiga criança que já nem monta a cavalo, nada trouxe novo ao mundo, foi só o mundo que o deixou velho em testamento ao povo”
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário