O dia nasceu cinzento e pouco convidativo para um piquenique.
A natureza quis pregar-nos uma partida para o primeiro piquenique poético, talvez para testar a nossa resistência.
Tive que ir a Viana do Castelo no fim da manhã e, só conseguimos chegar ao Porto às 15h, hora prevista para o início do piquenique. A Virgínia já tinha enviado uma mensagem para saber se se faria com o tempo assim. No início disse que sim, mas acabámos por sucumbir ao frio que se sentia e com um novo telefonema desmarca-se o encontro. Por descargo de consciência, eu, a Lisa e a minha mãe fomos ao Parque de S. Roque, não fosse alguém aparecer.
Quando chegámos, sem comida e sem livros, já lá estava a Maria com dois sacos, um com o farnel e outro com livros. Alguém menos cobarde do que nós estava ali para o que desse e viesse.
Decidimos dar uma volta pelo parque e atrás de nós, em passo apressado, chegam o Élio e a Sílvia, sem comida também, mas com livros. Prosseguimos o passeio, o Élio tinha levado a câmara fotográfica para registar imagens do primeiro piquenique poético (que mais tarde colocarei aqui) e lá parámos para tirarmos umas fotos com o rio Douro como pano de fundo.
Depois de dada a volta ao parque, ainda duvidávamos se faríamos o piquenique. Só a Maria levava comida e a humidade era muita e o frio também, mas lá nos sentámos numa mesa de granito e atacámos o farnel da Maria que ainda assim, conseguiu levar alguma comida de volta para casa. Enquanto comemos as atenções centraram-se nos livros e começaram as leituras que trouxeram novidades para todos, com poemas e poetas desconhecidos para alguns de nós.
Só me lembro de alguns nomes (o dos mais conhecidos) de poetas que foram recitados: Miguel Torga, Sam Sheppard, Daniel Jonas, Alberto Pimenta, Ana Pereira, Jorge Sousa Braga, Florbela Espanca, Mário de Sá-Carneiro, dois poetas que tinham Rui no nome e outros.
No fim, concordámos todos que repetiriamos para a semana e no mesmo sítio, porque devido ao frio não pudemos aproveitar devidamente, nem aquecer realmente o ambiente com a poesia que foi lida num tom muito morno e tímido. Mas por sugestão da Maria, no próximo domingo haverá uma surpresa que será bem divertida e que surpreenderá quem no parque ande a passear.
Para terminar este relato, cabe-me pedir
imensas desculpas à Virgínia que pela nossa (minha e da Lisa) pouca fé, acabou por ficar em casa com um bolo que tinha estado a fazer para o piquenique.